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sábado, 3 de dezembro de 2011

A polêmica escritora



Uma entre tantas na lista dos escritores jauenses, Hilda Hilst se destaca com sua personalidade marcante. Seu temperamento forte batia de frente contra as normas da sociedade da época.

Em uma época em que o papel da mulher era restrito a cuidar da casa e da família, Hilda rompeu barreiras com um comportamento que contrariava as regras extremamente tradicionais da sociedade.

E ela não era aquela pessoa que temia escrever seus pensamentos, mesmo que não gostasse da ideia de divulgá-las para todas as classes. Essa coragem e determinação, no entanto, descobriríamos apenas com os primeiros livros lançados que ela havia herdado essas características de sua mãe.

Hilda nasceu em 22 de abril de 1930. Era filha única do fazendeiro e poeta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Cardoso. Do pai havia herdado o amor pelas letras rimadas, da mãe a irreverência.

Ela morou durante os primeiros anos de sua vida em Jaú, mas foi obrigada a sair após brigas entre seus pais. Sua mãe, farta dos maus tratos e das brigas costumeiras, pediu o divórcio. Apesar de ser incomum, tornou-se a fonte de inspiração de Hilda.

Após a separação dos pais, Hilda se mudou com a mãe para Santos, e posteriormente, São Paulo, onde viveu, por quase 30 anos.

Ela estudou Direito pela Universidade de São Paulo, porém ela nunca se dedicou às leis. As audiências eram tediosas e a única coisa proveitosa que ela fazia eram suas rimas em seu caderninho particular. E o amor pela arte acabou entregando à ela uma nova vida nunca antes pensada: a boemia. Durante esse período, as vinda a Jaú, que já eram costumeiras, tornaram-se ainda mais raras.

Arilde Santiago Hilst, prima da escritora que reside em São Paulo, conta que quando era pequena via Hilda. Mas as ocasiões nem sempre eram boas. “Nossas famílias só se reuniam mesmo em situações extremas, morte de alguém ou casamento de outro.”

Mesmo assim, Arilde não teve a chance de conhecer muito bem a prima. “Eu nunca conseguia conversar muito com a Hilda nessas horas, porque ela sempre foi muito distante de tudo. Eu acho mesmo que ela era superior, seu conhecimento era superior, e isso diferenciava e dificultava muito as conversas”, lamenta a prima.

Ela conta ainda que muitos da família só começaram a entender o que se passava pela mente de sua familiar com o lançamento do primeiro livro. “Quando ela começou a escrever, todos ficam curiosos, ninguém sabia o que ela escrevia ao certo. Mas quando ela começou a lançar livros, todos meio que entenderam melhor como é que funcionava a mente daquela mulher tão excêntrica.”

O primeiro livro lançado foi em 1950, chamado “Presságios”. Uma década depois, morando na Casa do Sol, em Campinas, Hilda intensificou a produção literária. Teve obras traduzidas para o alemão, francês, inglês e italiano. Assim, nasceu e fortaleceu um ícone da literatura brasileira.

Em toda sua vida, publicou 38 obras, entre poesias, peças de teatro e prosa. Vinicius de Moraes, Adoniram Barbosa e Carlos Drummond de Andrade se tornaram seus fãs. Faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004 por falência múltipla dos órgãos no hospital em Campinas. Foi enterrada ali também.

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