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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A mãe dos anjos



Nascida em 25 de novembro de 1906, na cidade de Jaú, filha do casal Maria Botelho e José Garcia Barros, Rosa Botelho Garcia de Barros ficaria órfã aos seis meses e seria criada pela família Toledo de Barros, família rica, conservadora e extremante rígida.

A jovem Rosa, como toda garota de sua época, tinha forte ligação com o jardim da casa onde vivia. Em um dos dias em que apreciava seu jardim, ela reparou alguns pedreiros trabalhando na construção do Hotel São José, entre eles estava aquele que se tornaria seu marido.

O amor entre os dois nasceu e floresceu; tempos depois celebravam seu casamento. Porém, três anos depois, seu marido ficou profundamente doente, alternando momentos de fúria e medo de modo inexplicável para os médicos daquela época. Sem muita saída, Rosa o internou em um hospital psiquiátrico em Franca, chamado “Allan Kardec”.

Como eram humildes, Rosa teve que pedir emprego na própria instituição para poder pagar pelo tratamento de seu marido, que viria a falecer cinco anos após sua internação. Sem família ou lugar para morar, ela voltou para Jaú aos 30 anos.

Porém, sem emprego, família ou um lar para morar, a coisa não pareceu tão animadora para ela. “Logo que chegou, ela decidiu que precisava rezar e se foi para o ‘Verdade e Luz’. Lá ela contou sua história, o que comoveu várias pessoas que lhe ofereceram um emprego temporário como faxineira do centro e um lugar onde pudesse dormir até que arrumasse um verdadeiro lar” comenta a responsável pelo Centro Espírita União, Paz e Caridade, Georgete Moreira.

Um tempo depois, ela começou a trabalhar na Fepasa como recepcionista. “Ela via crianças de rua rondando a estação e que dormiam no chão frio por falta de um lar. Aquela cena foi o que fez com que ela pensasse em criar o Nosso Lar”, explica Georgete.

Ela diz que houve ainda outros incentivos. “Ela era sozinha, órfã e se tornou viúva sem filho muito cedo. Ela amava crianças e foi natural a criação de um lugar para cuidar delas”. Georgete diz que nesse ponto, Rosa contou novamente com a ajuda do Centro Espírita. A instituição começaria a ser construída em 6 de setembro de 1949 para atender as crianças carentes que Rosa tanto queria ajudar.

Rosa contou com a ajuda de suas amigas, que ficaram conhecidas como a Associação das Senhoras Cristãs, na arrecadação de donativos, móveis, roupas e todo e qualquer objeto que pudesse ser utilizado no abrigo. “O intuito dela era dar um lar para quem nunca teve um. As pessoas acham que é uma creche, mas lá na verdade é um abrigo e recebeu o nome de Abrigo dos Anjos, porque Rosa dizia que as crianças eram anjos que vinham pra Terra para alegrar nossas vidas”, esclarece Georgete.

Dona Rosa faleceu de causas naturais, após 89 anos de luta e dedicação em uma noite de 28 de março de 1996.

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