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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O jovem que previa as mortes



Nascido em Jaú por volta de 1940, Coriolando Rodrigues de Lima era uma pessoa simples, de família igualmente modesta. Conta-se que ele possuía dons sobrenaturais, e que de sua adolescência para frente começou a “prever” a morte de pessoas pela cidade.

Conhecido como “Criolando”, ele possuía um irmão mais novo, que junto com seu pai, era o responsável por prover o sustento da casa. Mas o jovem, por sua vez, não era dotado de plenas faculdades mentais.

“Minha mãe dizia que ele possuía algum problema de cabeça. Ela conhecia o Benedito, irmão mais novo do Criolando, e dizia que ambos eram bons rapazes, mas que o Criolando não era muito bem da cabeça”, diz a aposentada Silvana Siqueira, que conta que sua mãe era uma das vizinhas dessa figura tão intrigante.

Criolando gostava de passear pela cidade montado em seu cavalo Boneca, feito de madeira e com crina de restos de tecido colorido. “As crianças zombavam com ele, porque ele já era adulto e andava em um cavalo de madeira pela cidade”, diz Silvana.

A aposentada diz que por toda sua vida ouviu histórias sobre Criolando e que sempre diziam que ele era pacífico, embora agisse de forma incomum. “Sempre que alguém morria na cidade, ele saía de casa triste e pedia aos vizinhos que lhe doassem flores para que ele levasse a família do morto em sinal de pesar”, comenta.

Segundo ela, muitas pessoas receberam as visitas dele e se assustava ao vê-lo. “Mas ele sempre acertava, até antes de os parentes da pessoa falecida ver que alguém havia morrido”.

Porém, após a morte de seus pais, seu irmão, que trabalhava como farmacêutico, mudou-se para Santo André levando junto seu irmão. Lá, ele teve tuberculose e foi internado às pressas em uma instituição pública. Porém, por não poder pagar um tratamento melhor, Criolando veio a falecer no dia 07 de setembro de 1981, em Santo André, onde foi enterrado.

Embora distante, não foi esquecido pela população jauense. E no mesmo ano, o prefeito Alfeu pediu autorização a Benedito para trazer o corpo de Criolando para Jaú. Ele foi enterrado em uma cova modesta, porém perpétua. Boa parte da cidade estava presente no enterro simbólico feito em sua homenagem.

Após seu enterro, a fama de milagreiro começou a crescer. Muitos jauenses, como a própria Silvana, começaram a recorrer a ilustre figura em momentos de aperto. “Meu filho estava muito doente e eu rezei com toda minha fé ao Criolando. Ele era uma boa alma e eu já havia ouvido falar que ele era milagreiro”, explica.

Segundo ela, seu filho melhorou em pouco tempo. “Desde então, eu venho no dia de finados depositar uma flor e um cavalinho de madeira em agradecimento. Para mim, ele é um santo, não importa o que dissessem sobre ele”.

A capela em homenagem ao Coriolando apenas seria construída em 2006, em pagamento de uma promessa a ele. Outra justa homenagem foi dar-lhe o nome do velório municipal, já que enquanto viveu em Jaú, ele sempre esteve presente no local para esboçar seus sentimentos pelos parentes de seus “amiguinhos” falecidos.

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