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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O primeiro jauense formado em Medicina



O médico que construiu a primeira maternidade jauense foi uma das pessoas mais bondosas que a cidade já viu. Além de fazer cirurgia em quem quer que precisasse, fosse rico ou pobre, criou laços de amizade até mesmo entre seus adversários políticos. O tornando um dos filhos mais queridos da cidade.

Antônio Pereira de Amaral Carvalho, mais conhecido como Dr. Amaral Carvalho, nasceu no dia 9 de agosto de 1873. Se formou como médico em 1904, mas já havia trabalhado como farmacêutico. Foi o primeiro jauense formado em Medicina. Iniciou os trabalhos na Santa Casa de Jaú e fez a primeira grande cirurgia, fazendo uso de seus próprios materiais cirúrgicos já que naquele hospital os instrumentos eram precários.

Mas não foi só por suas cirurgias que ele ficou conhecido. Junto de sua mulher, Ana Marcelina de Carvalho, doaram um dos terrenos pertencentes a sua família e conseguiram recursos para a construção de uma maternidade.

O terreno amplo, compreendendo 25 mil metros quadrados de área, maior do que um campo de futebol, foi doado no Natal de 1915. No entanto, a maternidade e o hospital só seriam inaugurados em 23 de março de 1916. O hospital homenageava o Dr. Amaral Carvalho, enquanto a maternidade homenageava a sua esposa.

Ele possuía grande apreciação pela cultura do campo. Em uma época em que a plantação do café estava em alta, estudou a possibilidade em criar gados. Com o dinheiro que conseguia da venda dos animais, comprava os adubos para os cafezais.

Carlos Alberto Carvalho, neto do Dr. Amaral, lembra dos passeios na fazenda. “O gado era de uma ótima raça, uma das melhores. Quando eles cruzavam e nascia um bezerrinho, sempre saia de raça também, o que rendia muito mais dinheiro a ele.”

E, como um bom empreendedor, o médico soube aproveitar tudo o que a pecuária e agricultura lhe forneciam. “O leite que saía das vacas era transformado em manteiga. Era muito boa. Uma das melhores e mais vendidas em Jaú. E o café, sempre com um bom gosto, forte”, relata o neto.

Ele também iria se envolver na política da cidade, e posteriormente atuaria como deputado e senador. No entanto, apesar de ser tão querido por todos, sofreu com a morte de seu primeiro filho, Dr. Nelson. “Meu pai conta que meu tio tinha herdado o gosto pela medicina, a bondade e a inteligência do meu avô. Mas ele adoeceu e morreu aos 31 anos. Meu pai me contou que aquilo derrubou o meu avô. Mas ele conseguiu se reerguer graças aos amigos que tinha”, comenta Carlos Alberto.

Após tanto sofrimento, a pneumonia, que havia adquirido durante os anos em que serviu como médico na 2ª Guerra Mundial, piorou e ele veio a falecer em 03 de janeiro de 1954. Seu enterro foi um dos maiores de Jaú, já que todos os que já tinham passado pelas mãos ou companhia do médico marcaram presença. Ricos e pobres, companheiros e adversários acompanharam o velório que entristeceu o município.

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